O notável romancista Camilo Castelo Branco, consagrado autor de «Amor de Perdição», esteve ligado a Fafe. Basicamente, através do seu íntimo amigo e confidente José Cardoso Vieira de Castro, proprietário da Casa do Ermo, em Paços. Não esqueçamos que a desmesurada amizade e a cumplicidade entre os dois suscitou obras de um e de outro em defesa do amigo e volumes de correspondência entre ambos.
Como homenagem a Fafe, o «Torturado de Ceide» escreveu o romance Mistérios de Fafe (1868), bem como as duas peças de teatro O Morgado de Fafe em Lisboa (1861) e O Morgado de Fafe amoroso (1865). O nosso concelho ficou assim perpetuado na extensa bibliografia de um dos maiores vultos da literatura portuguesa e contemporânea, ainda hoje estudado e justamente valorizado, pela sua indesmentível singularidade.
Mas Camilo não fala apenas de Fafe, na sua obra, homenageando a terra do grato amigo Vieira de Castro. Ele mesmo, em pessoa, esteve em Fafe, em circunstâncias dramáticas, é certo: fugindo à justiça. Estávamos em 1860. O romancista, como é geralmente sabido, tomou-se de ardentes amores por Ana Plácido, esposa do abastado comerciante portuense Manuel Pinheiro Alves. Na altura, o adultério era crime punido com a pena de degredo temporário, quer para o réu, quer para o co-réu adúltero.
Denunciado por Pinheiro Alves, Camilo viu-se obrigado a fugir aos aguazis que o queriam aprisionar.
Pesquisa e adaptação de:
Ana Rita e Cátia Leite, 7º A